domingo, 6 de outubro de 2013

Medo no quartel

O que irei relatar aconteceu em um quartel do Exército no ano 1989 e até hoje toda vez que me lembro, fico arrepiado. Naquele tempo, eu era um aluno do curso de formação de sargentos que funcionava no 23 Batalhão de Caçadores, que fica em Fortaleza, Ceará.
Para quem não sabe ou nunca serviu ao Exército, vai aqui uma explicação: existem os serviços de escala e quando o soldado está de serviço, ele fica vinte e quatro horas alternando-se a cada quatro horas com mais dois soldados do posto que está responsável. Pois bem: esse quartel é muito antigo, mais do que centenário, e dizem que muitas coisas já aconteceram por lá. Coisas estranhas, eu diria.
Numa quarta-feira que estávamos eu e outros companheiros de serviço na guarda dos paióis, aconteceu algo que deixou todos de cabelo em pé, até quem não acreditava. Um soldado que estava no seu posto isolado, no seu quarto de hora, entre a meia-noite e duas da manhã, percebeu a aproximação de uma pessoa. Pensando se tratar do sargento rondante, mandou que o mesmo fizesse alto e lançasse a senha. Só que a pessoa continuou a aproximar-se sem obedecer à ordem.
O soldado então carregou seu fuzil e o apontou na direção de onde vinha o elemento. Qual não foi sua surpresa ao ver nitidamente que o indivíduo já estava praticamente ao seu lado. O que ele viu foi um combatente usando fardas antigas e rasgadas, além de perceber que o mesmo vertia um líquido escuro de um ferimento grande no peito, como se tivesse levado uma machadada! O sujeito se aproximou mais do soldado, que percebeu que aquilo ali não era coisa deste mundo.
O soldado desmaiou e só foi encontrado depois em estado de choque pelo verdadeiro rondante. Quem via seu aspecto logo depois do ocorrido, percebia que o recruta tinha como que envelhecido uns dez anos. O comportamento dele nunca mais foi o mesmo. O Exército solicitou um tratamento psiquiátrico sério para o rapaz, que pouco tempo depois foi licenciado por não possuir mais condições psicológicas de permanecer na força.

Relato de: Ricardo

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