Em uma gélida noite de Agosto, Ariosvaldo tranquilamente
caminhava retornando para casa. Parou por um instante e só então percebeu que o
céu possuía um brilho diferente, algo misterioso. Olhou para cima e ficou
contente. A lua estava enorme e brilhava de maneira fascinante. Caminhou por
mais alguns metros, naquela noite resolvera voltar caminhando. Não morava muito
longe dali, e como havia ido ao aniversário de seu pai, resolveu então voltar
um pouco mais tarde. Seu bairro não era muito movimentado, alias a cidade não
era muito movimentada - lamentou ele; lembrando-se que o único cinema que havia na
cidade fechou, pois o movimento era mínimo.
Foi quando, que mesmo imerso em seus devaneios, Ariosvaldo
começou a ouvir um som estranho, um barulho, semelhante ao de eletricidade,
algo que lhe incomodou bastante, um som que mais parecia ao de um inseto
gigante.
Olhou para cima novamente e percebeu que a lua estava ainda
maior, quase que do tamanho de uma bola de futebol, foi neste momento que Ariosvaldo
percebeu que aquilo não se tratava da lua e sim de algo misterioso que ele não
saberia explicar.
Resolveu então acelerar os passos, lembrou-se das histórias
que os antigos contavam a respeito de assombrações e coisas de outro mundo, foi
então que percebeu que seus passos rápidos na verdade se tornaram
verdadeiramente uma corrida, correu desesperado, sua casa que ate então parecia
estar perto, agora nunca pareceu tão longe. Foi Quando notou ao olhar para cima
que de nada estava adiantando sua corrida, o objeto parecia segui-lo sem nenhum
esforço. Assustado tentou correr mais
rápido, foi quando um raio prateado o atingiu. Aquela era a sensação mais horrível
que Ariosvaldo já havia sentido na vida, era como se aquela luz o paralisasse e
o puxasse completamente, ele sentia uma pressão muito grande no estomago, quase
como se um turbilhão de vento estivesse dentro de sua barriga.
Sentiu que seus pés saíram do chão; naquele momento foi sugado
para próximo daquela luz e a medida que ia se aproximando do objeto, parecia
que incrivelmente aquela forte luminosidade não lhe afetava os olhos, percebeu
que quanto mais se aproximava daquilo ele ia entrando em outra realidade, como
se estivesse a partir daquele momento indo para um outro espaço. Sentia-se louco,
mas parecia que o tempo e o espaço iam se esvaindo.
Atravessou aquela luz e se viu em um lugar extremamente
amplo, branco e que parecia infinito, lá apareceu um homem, de cabelos
compridos e dourados e com olhos que não pareciam humanos, olhos grandes e que
tinham uma cor semelhante ao verde, mas que ao mesmo tempo com a refração da
luz pareciam vermelhos.
Aquele homem, ou aquele ser lhe olhou firmemente e lhe
disse: - Enfim Merripen, voltaste para casa. É chegada a hora, breve teremos
que voltar a este mundo e será com a ajuda de vocês híbridos que conseguiremos
ter posse novamente da terra.
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Na manha seguinte, toda a comunidade saiu em busca de Ariosvaldo,
mas só algumas pessoas o haviam visto, e todas foi no momento em que ele saíra
da festa, ninguém sabia ao certo o que teria acontecido, ou onde estaria Ariosvaldo.
A Polícia ate da capital, foi contatada para auxiliar nas buscas, mas de nada
adiantou. Ariosvaldo simplesmente evaporara.
Sua mãe, que tinha apenas ele como filho chorou copiosamente
por noites, ate que após seis anos, já quase conformada com a perda do filho,
assistindo a tevê, viu um rapaz muito semelhante a Ariosvaldo, discutindo sobre
a nova crise mundial e as possíveis soluções que seu partido na Rússia
oferecia.
A mãe de Ariosvaldo teria certeza que era seu filho, se não
fosse por seu olhar. Um olhar completamente obstinado e quase que assustador. -Com
certeza não era Ariosvaldo... Pensou ela.
Ariosvaldo não era diabólico...
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