Em 1998 eu namorava uma menina que não passava perto de despachos de umbanda nem por decreto. Era só ela ver que havia um em seu caminho, que atravessava a rua na mesma hora, só para passar bem longe. Mas na minha rua, em Copacabana, há uma igreja, e, inevitavelmente, há despachos ali, na encruzilhada. Eu, como gozador que era (depois disso não sou mais), a distraia para que ambos passássemos perto dos despachos, e sempre zombava das reações que ela tinha. Uma noite, consegui distraí-la, e passamos pertinho de um despacho enorme: galinhas, velas, charutos, flores e tudo o mais. Deixei-a dentro de um táxi, e voltei pelo mesmo caminho. Tenho o costume de andar olhando para o chão, então, distraído, só me dei conta quando estava quase pisando no despacho. Após o susto, pedi licença, e desviei. Então, de repente, levei um esbarrão violentíssimo, que quase me derrubou. Levantei o rosto, para ver quem era. Mas não havia ninguém... Não havia viva alma perto de mim... Então não pensei duas vezes... corri os dois quarteirões que me separavam de minha casa como se estivesse nas olimpíadas. E desde esse dia, passei a respeitar o velho hábito de minha namorada...
Escrito por: Gustavo Kelly
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