O guia turístico Binyamin Tropper achou que ele era o primeiro a descobrir uma enorme coluna do lado de fora da cidade de Belém, mas ficou surpreso ao saber que as autoridades judaicas já tinham conhecimento de sua existência há décadas e mantiveram a descoberta em segredo. Quando percebeu a importância do pilar, ele informou à Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA na sigla em Inglês) e recebeu a seguinte resposta: “É muito interessante, sabemos de sua existência, mas vamos manter assim.”
Tropper desobedeceu a pedido do IAA de permanecer em silêncio em relação à descoberta, já que ele acredita que o benefício de escavação na área ultrapassa os potenciais conflitos. No entanto, Tropper não revelou a localização exata da coluna para evitar atrair ladrões de antiguidades, pois o local fica em um pomar de propriedade de um palestino.
“O pilar tem cerca de 2.800 anos, está enterrado há cerca de dois metros e pesa, aproximadamente, cinco toneladas, por isso não pode ser movido, disse Tropper, que crê que o objeto esteja em seu lugar original justamente pelo tamanho e peso.
Nos últimos 30 anos, Israel tem debatido sobre o tamanho e a importância do reinado de David e de seu filho Salomão e do que a Bíblia diz. O projeto desta coluna, como relata Tropper, tem uma arquitetura consistente com a época do Primeiro Templo e ajudar a fornecer provas concretas da existência do reino de Davi e de Salomão na região da Judeia.
No início de junho, vários arqueólogos israelenses proeminentes foram levados para inspecionar o local. Entre eles estava Yosef Garfinkel, professor de arqueologia na Universidade Hebraica.
“Não há dúvida de que são restos do monumental edifício do período do Primeiro Templo”, disse Garfinkel, que explicou que a parte superior da coluna, chamada de capitel, é de um tipo conhecido como protovento, estilo que remonta a cerca de 2.800 anos atrás.
A coluna marca a entrada de um túnel de água escavado na rocha, que atinge cerca de 250 metros de profundidade, um complexo que, pelo tamanho, certamente só poderia ser realizado pelos reis de Judá, nas proximidades de Jerusalém.
Por seu tamanho, disse Garfinkel, o túnel evoca outro grande projeto da época do Primeiro Templo, o túnel de Siloé, em Jerusalém (agora situado sob o bairro árabe de Silwan), que foi construído pelo rei Ezequias para levar água à cidade antes cerco assírio no século 8 aC, fato citado no livro dos Reis.
Arqueologia e problemas políticos
Devido à complexidade das relações entre árabes e israelenses a importante descoberta está sendo ignorada para evitar maior tensão do que a já existente na região, que debate sobre quem tem direito geográfico na conturbada Terra Santa.
“Como a Cisjordânia não está dentro das fronteiras oficiais de Israel, escavar lá é mais problemático do que em Israel”, diz Yosef Garfinkel.
O IAA enviou para a FoxNews cuidadoso comunicado elaborado superficialmente onde reconhece a descoberta da coluna e expressa sua preocupação quanto à relação inevitável entre a arqueologia e o conflito no Oriente Médio.
“A realidade complexa de Israel, por vezes, cria problemas políticos para a arqueologia em termos de direitos e raízes históricas”, disse o IAA em seu e-mail. “Quando uma grande descoberta arqueológica requer uma investigação mais aprofundada, o IAA trabalha para realizar uma escavação completa do sítio arqueológico, o que permitirá um estudo aprofundado para comunicar as suas conclusões.”
Fonte: segundaipb.com.br
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